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quarta-feira, agosto 22, 2007

Vai, Dunga

Imagine que você é treinador da seleção de futebol de um país tropical. Como esse país tropical é também abençoado por Deus, nele nasceram os dois maiores jogadores de futebol dos últimos tempos, e você tem a opção de contar com eles na sua seleção. Não por coincidência, os clubes pelos quais esses dois jogadores atuam têm as equipes mais bem-sucedidas do mundo, que conquistaram títulos nacionais e costumam avançar em torneios continentais. Por isso e por serem peças fundamentais em seus times, esses jogadores participam de muito mais jogos do que a média de seus colegas, e o consequente desgaste é inevitável. Para gozarem de um período de descanso decente, eles pedem dispensa de um torneio do qual a seleção do país tropical participa, torneio que nunca foi prioridade para essa seleção.

Após suas merecidas férias, esses jogadores retornam e são novamente convocados para a seleção. O que você, treinador, faz:

a) Compreende a situação, dá a eles um "welcome back" e os escala em seu time.
b) Não gosta muito da história da dispensa, mas como eles são os melhores do mundo e aceitaram de bom grado voltar à seleção, coloca eles no time, paciência.
c) Convoca os dois, mas deixa claro que eles iniciarão a próxima partida como reservas de um jogador que andou pelo banco de um time da Ucrânia, e agora atua em um time de terceiro escalão da Inglaterra e um outro que acabou de ser rejeitado por um time de primeira linha da Inglaterra e não sabe onde vai atuar nesta temporada.

Vai, Dunga. Vai pra casa.

terça-feira, agosto 07, 2007

Ignorância ou má fé?

O Reinaldo Azevedo achou esta pérola na Folha de SP de hoje, de autoria de um tal Marcos Nobre (professor da Unicamp, segundo consta):

"A superlotação das prisões é a outra face do Real e do modelo de desenvolvimento que inaugurou. As exportações e o investimento externo continuam crescendo na mesma proporção do aumento da violência."

Ora, achamos a solução para a superlotação das prisões. É só trocar o nome da moeda e mandar o Banco Central cuspir moeda na praça a um ritmo frenético. Assim, teríamos uma nova moeda, tão vagabunda quanto os cruzeiros, cruzados e afins do passado, e o problema das prisões estaria resolvido. Talvez fechar o país e proibir exportações e entrada de capitais externos também ajude. Da mesma forma que a queda no número de piratas no mundo explica o aquecimento global (ver gráfico abaixo), o "neoliberalismo" explica o aumento da população carcerária no Brasil. Brilhante!

Ironias à parte, é difícil saber qual a proporção entre pura ignorância e a mais completa má fé do autor. Como se trata de um professor de uma das mais prestigiadas universidades do país, ambas as hipóteses são igualmente deploráveis.

sexta-feira, julho 20, 2007

Uma imagem vale mais...

Esta é uma das imagens mais emblemáticas do governo Lula. Congratulações ao cinegrafista que teve a felcidade de capturá-la. Ao invés de pensar em soluções, os çábios assessores comemoram o encontro do bode expiatório do acidente, que mencionei no texto abaixo: foi o reverso da turbina! Foda-se a TAM! Fodam-se os críticos do governo! Lavamos nossas mãos!

Os jornais dizem que Lula vai se pronunciar hoje. Ele deveria anunciar a demissão da diretoria da Infraero, do ministro da defesa e dos dois cidadãos aí do lado. O que vai acontecer é a auto-exaltação habitual, dizendo que "acidentes acontecem", "nunca nestepaiz foi tão seguro voar" e "não tem nada errado com o nosso transporte aéreo". Eu continuo torcendo pela crise econômica. Quebra, mercado imobiliário americano! Volta, inflação!

quinta-feira, julho 19, 2007

Só a ponta do iceberg...

Em 24 horas Jack Bauer é capaz de salvar o mundo, mas o nosso presidente não consegue ir a público para, pelo menos, manifestar alguma consternação com o maior acidente da história da aviação brasileira. Isso para não mencionar que a empresa que administra os aeroportos é estatal, assim como o controle de vôo e, tirando as companhias aéreas, quase tudo que diz respeito a transporte aéreo no país. Se acrescentarmos que este é o segundo acidente gravíssimo em menos de um ano que, ao menos parcialmente, parece ter como responsáveis profissionais subordinados ao governo federal, temos a impressão de estarmos vivendo dentro de uma piada, de humor negro e extremo mau gosto.

O restante do enredo da piada já é conhecido, e o desfecho só tem graça para o grupelho que está tentando se perpetuar no poder: começa-se uma investigação em busca dos responsáveis, que vai se atolar em informações desencontradas, má vontade e incompetência. Depois de meses, quando os ânimos da população e da oposição estiverem esfriados, será encontrado um bode expiatório: o piloto, a Airbus, São Pedro, Baal... E a roleta russa do transporte aéreo no Brasil continuará. Até quando?

Lula e seu séqüito de çábios (será que o dr. Mangabeira Unger já está pensando em uma “ação de longo prazo” para o transporte?) precisam perceber que, no momento, mais importante do que tentar achar culpados para a tragédia passada é tomar providências para que eventos do mesmo tipo não se repitam no futuro (como se precisássemos de mais uma tragédia para lembrar disso...). É inadmissível que o governo não consiga liberar recursos ou organizar uma parceria com a iniciativa privada para investir em obras de infra-estrutura tão urgentes. Tão inadmissível que só é possível encontrar explicação para tanto descaso na mais simples e descarada falta de vontade. Afinal de contas, Lula governa para “o povo”, o que exclui a “elite”, da qual fazem parte os cerca de 15 milhões de brasileiros que utilizam transporte aéreo em um ano. Estes, que relaxem e gozem.

A estupidez brutal que está fazendo o governo perder uma das maiores oportunidades (só para lembrar, crescimento global exuberante, confortável situação externa do país, inflação baixa, alta popularidade do presidente e elevada confiança da população) de sua história para promover reformas que colocariam o país no caminho do desenvolvimento de longo prazo é pequena perto da crueldade que é submeter, por puro desleixo e incompetência, tantos cidadãos a inúmeros transtornos e riscos. A Tailândia entregou no ano passado um aeroporto internacional novíssimo, ao custo de US$ 3 bilhões, com capacidade para 45 milhões de passageiros por ano – mais do que o dobro do tráfego anual de Congonhas. O Brasil não teria a menor dificuldade de levantar, no mercado internacional, a juros baixos e prazos longos, esse montante (o impacto na dívida pública seria irrisório), para ficar em apenas uma das soluções mais simples. De onde se vê, novamente, que o problema passa longe da falta de acesso a recursos.

Outra medida bem-vinda seria a privatização da Infraero e do controle aéreo. O capitalismo pode não conseguir salvar o mundo, mas é terrivelmente eficiente em fiscalizar companhias. Ao contrário do que observamos hoje no estatismo brasileiro, empresas privadas não gozam do benefício da dúvida – haja vista o que aconteceu hoje com os preços das ações da TAM. Na incerteza da culpa e das conseqüências, o mercado puniu os acionistas da empresa com uma perda de 8.6% do capital investido. Se isso for um exagero momentâneo, será corrigido rapidamente. Se não, os acionistas poderão pressionar a direção da empresa para que seu valor seja recuperado. Esse sistema de “enforcement”, ainda que também sujeito à distorções, jamais conseguirá ser igualado pelo nosso sistema judiciário. A observação dos analistas e investidores, se não sempre precisa, é temida e ininterrupta, pelo simples fato de envolver dinheiro muitas vezes conseguido à duras penas.

O colapso do transporte aéreo nacional e suas centenas de vítimas fatais é apenas uma das faces do imobilismo, leniência e descaso de nossos governantes. Desde o dia em que tomou posse na presidência, o PT apenas tem se preocupado em aparelhar a máquina estatal e o partido, aliciar o maior número possível de aliados e tentar garantir a permanência no poder. Teve a sorte de encontrar uma conjuntura econômica rara e absolutamente benigna, que fez com que o país entrasse em uma rota de estabilidade e crescimento razoável sem muitos sacrifícios. A maioria da população, sem acesso à informação e observando uma melhora considerável no padrão de vida, não enxerga a corrosão lenta e constante do estado: o sucesso econômico age como um grande tapete, para baixo do qual é varrida toda a sujeira gerada por nossos políticos.

Assim como eu torci para que a seleção de futebol se arrebentasse na Copa América, para que houvesse a possibilidade de que fosse notada a idiotice que é colocar um amador para ocupar um cargo de importância (você entraria num prédio projetado por um estudante de segundo ano de engenharia civil?), me resta esperar por uma crise econômica de grandes proporções até 2010. A oposição, desagregada e inoperante, não parece capaz de lançar uma alternativa ao lulismo, de forma que só uma deterioração nas condições de vida de grande parte da população pode fazer com que o país mude seu voto e tenha a possibilidade de sair do atual ciclo de mediocridade institucional e operacional. Eu costumo dizer que, se, em 2010, o país estiver crescendo a 5% ao ano, com inflação baixa e continuidade dos programas sociais mais rudimentares, Lula elege dona Marisa como sua sucessora. É evidente que isso carrega uma boa dose de brincadeira, mas neste caso o tal fundo de verdade é simplesmente assustador.

quinta-feira, maio 10, 2007

Sobre dinheiro e governos

Notícia de hoje, no embalo da visita do papa a São Paulo:

A Fundação Cacique Cobra Coral, especializada em monitoramento das condições atmosféricas, avisa que foi convocada pela Prefeitura para garantir tempo bom na capital paulista durante a visita do papa Bento XVI. A operação, que a FCCC vem realizando desde o domingo, foi no sentido afastar 90% das chuvas previstas para a capital e desviá-las para o Sul de Minas Gerais, onde uma estiagem castiga a região. Mas as previsões meteorológicas afirmam que a temperatura durante a missa no Campo de Marte não deve ultrapassar os 10 º C.

A Fundação Cacique Cobra Coral, para quem não sabe, utiliza-se de uma médium, que incorpora o espírito do tal cacique e clama ter poderes capazes de influenciar o tempo e de fazer previsões sobre eventos de relevância mundial.

Estúpido o bastante, esse é um dos usos declarados dos impostos pagos pelos paulistanos. Imagine o que não é feito de forma mais velada. Como remédio, só resta evocar a racionalidade do saudoso Milton Friedman:

"There are four ways in which you can spend money. You can spend your own money on yourself. When you do that, why then you really watch out what you’re doing, and you try to get the most for your money. Then you can spend your own money on somebody else. For example, I buy a birthday present for someone. Well, then I’m not so careful about the content of the present, but I’m very careful about the cost. Then, I can spend somebody else’s money on myself. And if I spend somebody else’s money on myself, then I’m sure going to have a good lunch! Finally, I can spend somebody else’s money on somebody else. And if I spend somebody else’s money on somebody else, I’m not concerned about how much it is, and I’m not concerned about what I get. And that’s government. And that’s close to 40% of our national income."